sexta-feira, 13 de março de 2009

Iron Man - Só de Bike 180 Kms...


Iron Man indescritível - Por Misael Bezerra

Na véspera da prova é que realmente eu fui ter a noção da tarefa que tinha á cumprir... Vários pensamentos passam ao mesmo tempo pela cabeça, medo, ansiedade, dúvidas começam a nos dominar. E eles também eram nitidamente notados nas pessoas que nos acompanhavam: Rachel, Guto e Socorro.

Foi dada a largada para 1250 atletas cumprirem sua primeira meta: os 3,8 km de natação. O início é uma coisa de louco, toma um chute ali, um tapa lá, puxa um pé aqui, esbarra em outro, uma coisa muito doida, mas depois começa a abrir um  pouco mais de espaço.




O difícil foi chegar nas bóias, pois quando achava que estava me orientando bem a bóia ficava cada vez mais distante. Uma maré puxava muito para os lados, mas nadei relaxado sem forçar. O tempo (1h30min) foi bem acima do esperado, mas não era hora para se preocupar com isso.

Na transição, o pessoal da organização pedia pra deitar no chão que eles ajudavam a tirar a roupa de borracha. Corri para a tenda e chegando lá já pegavam e entregavam sua sacola de roupas de ciclismo e guardavam sua roupa de borracha, óculos e touca. Você não se preocupa com nada, apenas em se vestir e sair para pedalar. O engraçado é que no Iron eu deixei de ser brasileiro e passei a ser mexicano, pois só falavam em espanhol comigo. Acho que foi devido ao cabelo grande.



O ciclismo era composto por duas voltas de 90 km, totalizando os 180 km. Havia um trecho com subidas e descidas, mas não muita coisa, em torno de uns 20 km por volta. No mais, é quase tudo plano. Sabia que o meu ponto forte era o ciclismo e mesmo assim não poderia, de jeito nenhum, forçar para não “quebrar”. Na primeira e segunda volta, procurei sempre manter a minha meta estabelecida: 32 km/h de média, sem forçar. Resultado: completei super bem, inteiro, em 05h36min.


Já havia nadado (que uns dizem que é só pra constar no Ironman, pra saber se todos realmente sabem nadar), tinha cumprido direitinho com o dever de casa de não deixar a perna “queimar” no ciclismo e agora “SÓ” faltava correr a Maratona, composta por uma volta de 21,2 km e duas de 10,5 km. Ou seja, quase nada! Faltava pouco! Ai meu Deus! Aí pensei: 'Agora sim o desafio começou!!!'.

Comecei mais uma vez, forte nos dois primeiros quilômetros (abaixo de 5 min/km), e tentei segurar, mas não conseguia fazer acima de 5´30seg. Estava me sentindo muito bem e a galera, esposa, colegas na rua berrando seu nome te empurram! É uma sensação maravilhosa!

É na corrida que percebemos o contato maior com o público e vemos o quanto é bom. E até as pessoas na rua falavam em espanhol comigo, foi muito engraçado. No km10, havia algumas subidas que só mesmo caminhando para não entrar em freqüência de esforço máximo. Para se ter uma idéia, na hora da descida, tinha que ficar travando (segurando o ritmo) para não correr o risco de sair rolando. Terminei a primeira volta me sentindo com falta de energia e mesmo não agüentando mais comer gel, tive que empurrar na marra.


Já na segunda volta, quando comecei a me distanciar das pessoas que assistiam à prova e correr para o lado mais vazio, começou a pintar medo do que poderia vir pela frente, se iria agüentar, se poderia ter um problema sério na perna e “travar”. Passei a segurar ainda mais o ritmo. Foi então que virei para os últimos 10,5 km de prova. Já estava quase escurecendo, olhei para o relógio, fiz as contas, e percebi que entre 11h30min e 11h40min de muito esforço, estaria cruzando a linha de chegada. Aquilo me levou a um estado de felicidade, já não sentia, nem pensava em sentir dor. O receio de ter algum incidente havia sumido. Cresci de novo e fui em frente.

Às vezes as lágrimas vinham só da emoção de poder estar ali. Mas segurava e pensava se iria conseguir não chorar após cruzar a linha de chegada. Com 38km pensei: 'Agora cheguei! Vou completar!!'  Com uma nova carga de adrenalina comecei a aumentar
 o ritmo. Assim o mantive e consegui, na reta final, avistar a Rachel, que entrou comigo  para ultrapassar a linha de chegada, com 11h31min22seg. Todos aplaudiam e falavam: “Você é um Iron Man”.  


Como diz a lenda viva do Iron Man, Natascha Badmann: 

“Todos os sentimentos e emoções não podem ser comprados ou dados, apenas podem ser sentidos por quem fez um Iron Man”. 

Valeu queridos alunos, que cada um possa sentir um pouco deste sentimento a cada obstáculo por nós vencidos.  - Prof:Misael Bezerra

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Misael Bezerra é triatleta e diretor técnico da Aptidão Assesoria Esportiva - Brasília - DF. Presta serviço nas modalidades de: Avaliação Física, treinamento individualizado e em grupo, e específicos para natação, corrida, ciclismo, aquathlon, duatlhon, triathlon concursos públicos e outros.

Aos interessados fica aqui o link para a Aptidão Esportiva


Fonte das fotos: http://www.ironmanbrasil.com.br


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